terça-feira, 17 de maio de 2011

No tempo das Borboletas - Julia Alvarez



Rafael Leónidas Trujillo, foi o ditador da República Dominicana entre 1939 e 1961. Governou de forma coercitiva como todo tirano, passando por cima de tudo e de todos para exercer seu poder. Torturava e mandava matar todos aqueles que não comungavam com suas idéias. Cidadãos eram perseguidos e vigiados. Vivia-se então naquele período a mais terrível das ditaduras. Mas em meio a este contexto surgem as irmãs Mirabal: Patria Mercedes, Minerva, Dedé e Maria Tereza, que não se intimidaram e em defesa de um ideal, enfrentaram o terrível ditador. Ficaram conhecidas como borboletas. As irmãs foram presas e torturadas, mas mesmo assim não se curvaram ao tirano. Em 25 de março de 1960 foram covardemente mortas. A morte das irmãs causou muita comoção entre a população que passou a defender os ideais das borboletas e culminou com o assassinato de Trujillo.

É interessante observar que autora esclarece que não era seu objetivo escrever a biografia das borboletas, como ressalta: “E é por isso que não são as irmãs Mirabal de fato que você encontra nestas paginas, E nem as irmãs Mirabal da lenda. Nunca conheci as irmãs verdadeiras, nem tive acesso a informações suficientes, nem possuo o talento e a vocação de um biógrafo para retratá-las adequadamente”. Mas seu intuito era retratar o espírito de luta destas valentes irmãs: “Então, o que você vai encontrar aqui são as Mirabal que criei, fiéis espero, ao espírito das Mirabal de verdade”.

A narrativa primorosa de Julia Alvarez é cativante, o perfil de cada personagem é muito bem construído. Sofri, me emocionei, vibrei com a trajetória de cada uma das personagens. Mulheres valentes, determinadas, que não perdiam de vista seu papel de mulheres, mães, amantes e companheiras. Muitas vezes se sentiam fragilizadas e carentes. Mas acreditando em um ideal de liberdade buscavam forças para se fortalecerem e animarem seus companheiros para continuarem na luta por uma sociedade mais justa.

No tempo das Borboletas

Fragmentos do caderno de Mate na prisão:

•Você acha que em algum dia vai enlouquecer, mas o estranho é que todo dia você surpreende a si mesma melhorando e, de repente, começa a se sentir mais forte, e acha que talvez possa conseguir atravessar este inferno com alguma dignidade, alguma coragem e, o que é mais importante - não se esqueça disso, Mate - ainda com algum amor no coração pelos homens que fizeram isso com você.

•Depois que você perde o medo, a coisa mais dura aqui é a falta de beleza. Não há música para se ouvir, nem cheiros bons, nem nada bonito para se olhar. Até rostos que normalmente seriam bonitos, como o de Kiki, ou lindos, como o de Minerva, perderam o brilho. Você não quer olhar para si mesma, com medo do que vai ver. O espelhinho de bolso que Dedé mandou está guardado no nosso esconderijo para quem quiser dar uma olhada. Duas vezes, eu o apanhei, não por vaidade, mas para ter certeza de que ainda estou aqui, não desapareci.