segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A cura de Schopenhauer - Irvin D. Yalom


Após uma consulta de rotina, o psicoterapeuta Julius descobre que está com câncer e só lhe resta um ano de vida. Passada a angustia de saber de sua inevitável sentença de morte, Julius busca fazer uma análise de seu trabalho e se questiona até que ponto ajudou as pessoas que acompanhou em suas terapias de grupo. Resolveu buscar notícias de pacientes em que não obteve sucesso com seu tratamento e em meio a fichas de antigos pacientes se depara, com um de seus maiores fracassos, Philip Slate, um viciado em sexo. Sai em busca de seu antigo paciente que se diz curado e agora é um terapeuta. Para Philip “a terapia não teve qualquer valor e que seu verdadeiro analista tinha sido Schopenhauer”, filósofo alemão do século XIX. Precisando da supervisão de um profissional para concluir seu curso de orientação, Philip propõe a Julius que ele o supervisione e em troca lhe orienta sobre Shopenhauer. Acordo feito, Philip passa a participar da terapia de grupo de Julius e reencontra uma antiga ex-conquista “que o odeia pela frieza com que a descartou”. A partir daí então o leitor passa a conhecer os demais pacientes desse grupo bem como seus conflitos e problemas. Paralelo a isto a vida e as idéias de Schopenhauer são narradas de forma leve, o que nos ajuda a compreender um pouco de suas idéias pessimistas em relação ao sentido da vida, os relacionamentos e os desejos, que só levam à dor e ao tédio.

A cura de Schopenhauer

  • E assim, por anos, séculos e milênios afora, construímos sem parar negações paliativas de finitude. Será que nós, será que algum de nós, jamais cessará de buscar um poder superior no qual possamos nos fundir e existir para sempre, parar de querer manuais de instruções dados por um Deus, de querer um desíginio maior, de buscar rituais e cerimônias?
  • Nietzche uma vez escreveu que a maior diferença entre o homem e a vaca era que a vaca sabia como existir, como viver sem angústias (isto é, sem medo) no bendito presente, sem o peso do passado e a preocupação com os horrores do futuro. Sabe por que sentimos tanta saudade da maravilhosa infância? Segundo Nietzsche, porque foi a única época despreocupada, ou seja, sem preocupação antes de termos lambranças tristes e graves do lixo do passado.

  • Kierkegaard dizia que algumas pessoas têm duplo desespero, isto é, estão desesperadas, mas nem sabem. Você deve estar nesse desespero duplo. Quero dizer o seguinte: grande parte do sofrimento de uma pessoa vem por sentir desejo, realizá-lo, ter um instante de saciedade que logo se transforma em tédio e, por sua vez, é interrompido pelo surgimento de outro desejo. Schopenhauer achava que era essa a condição humana universal: desejar, saciar-se, entediar-se e desejar outra vez.

  • As grandes dores fazem com que as menores mal sejam sentidas e, na falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
    Schopenhauer disse que as mulheres muito atraentes, assim como os homens muito inteligentes, estão destinados a viver isolados. E que os outros ficam cegos de inveja e de raiva da pessoa superior. Por isso, esses dois tipos nunca têm amigos íntimos do mesmo sexo.

  • A alegria e despreocupação da nossa juventude deve-se, em parte, ao fato de estarmos subindo a montanha da vida e não vermos a morte que nos aguarda do outro lado.
  • Se não conto meu segredo, ele é meu prisioneiro. Se o deixo escapar, sou prisioneiro dele. A árvore do silêncio dá os frutos da paz.
  • A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010


Já escondi um AMOR com medo de perdê-lo, já perdi um AMOR por escondê-lo.
Já segurei nas mãos de alguém por medo, já tive tanto medo, ao ponto de nem sentir minhas mãos.
Já expulsei pessoas que amava de minha vida, já me arrependi por isso.
Já passei noites chorando até pegar no sono, já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
Já acreditei em amores perfeitos, já descobri que eles não existem.
Já amei pessoas que me decepcionaram, já decepcionei pessoas que me amaram.
Já passei horas na frente do espelho tentando descobrir quem sou, já tive tanta certeza de mim, ao ponto de querer sumir.
Já menti e me arrependi depois, já falei a verdade e também me arrependi.
Já fingi não dar importância às pessoas que amava, para mais tarde chorar quieta em meu canto.
Já sorri chorando lágrimas de tristeza, já chorei de tanto rir.
Já acreditei em pessoas que não valiam a pena, já deixei de acreditar nas que realmente valiam.
Já tive crises de riso quando não podia.
Já quebrei pratos, copos e vasos, de raiva.
Já senti muita falta de alguém, mas nunca lhe disse.
Já gritei quando deveria calar, já calei quando deveria gritar.
Muitas vezes deixei de falar o que penso para agradar uns, outras vezes falei o que não pensava para magoar outros.
Já fingi ser o que não sou para agradar uns, já fingi ser o que não sou para desagradar outros.
Já contei piadas e mais piadas sem graça, apenas para ver um amigo feliz.
Já inventei histórias com final feliz para dar esperança a quem precisava.
Já sonhei demais, ao ponto de confundir com a realidade... Já tive medo do escuro, hoje no escuro "me acho, me agacho, fico ali".
Já cai inúmeras vezes achando que não iria me reerguer, já me reergui inúmeras vezes achando que não cairia mais.
Já liguei para quem não queria apenas para não ligar para quem realmente queria.
Já corri atrás de um carro, por ele levar embora, quem eu amava.
Já chamei pela mamãe no meio da noite fugindo de um pesadelo. Mas ela não apareceu e foi um pesadelo maior ainda.
Já chamei pessoas próximas de "amigo" e descobri que não eram... Algumas pessoas nunca precisei chamar de nada e sempre foram e serão especiais para mim.
Não me dêem fórmulas certas, porque eu não espero acertar sempre.
Não me mostre o que esperam de mim, porque vou seguir meu coração!
Não me façam ser o que não sou, não me convidem a ser igual, porque sinceramente sou diferente!
Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
Sou sempre eu mesma, mas com certeza não serei a mesma pra SEMPRE!
Gosto dos venenos mais lentos, das bebidas mais amargas, das drogas mais poderosas, das idéias mais insanas, dos pensamentos mais complexos, dos sentimentos mais fortes.
Tenho um apetite voraz e os delírios mais loucos.
Você pode até me empurrar de um penhasco que eu vou dizer:
- E daí? EU ADORO VOAR!


Clarice Lispector

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

domingo, 21 de novembro de 2010

A idade de ser feliz


Existe somente uma idade para a gente ser feliz.

Somente uma época na vida de cada pessoa em que é possível sonhar e fazer planos e ter energia bastante para realizá-los, a despeito de todas as dificuldade e obstáculos.

Uma só idade para a gente se encantar com a vida e viver apaixonadamente e desfrutar tudo com toda intensidade sem medo nem culpa de sentir prazer.

Fase dourada em que a gente pode criar e recriar a vida à nossa própria imagem e semelhança e vestir-se com todas as cores e experimentar todos os sabores.

Tempo de entusiasmo e coragem em que todo desafio é mais um convite à luta que a gente enfrenta com toda disposição de tentar algo novo, de novo e de novo, e quantas vezes for preciso.

Essa idade tão fugaz na vida da gente chama-se PRESENTE, também conhecida como AGORA ou e tem a duração do instante que passa...

Mário Quintana

domingo, 14 de novembro de 2010

A arte de ouvir

De todos os sentidos, o mais importante para a aprendizagem do amor, do viver juntos e da cidadania é a audição. Disse o escritor sagrado: “No princípio era o Verbo”. Eu acrescento: “Antes do Verbo era o silêncio.” É do silêncio que nasce o ouvir. Só posso ouvir a palavra se meus ruídos interiores forem silenciados. Só posso ouvir a verdade do outro se eu parar de tagarelar. Quem fala muito não ouve. Sabem disso os poetas, esses seres de fala mínima. Eles falam, sim. Para ouvir as vozes do silêncio. Veja esse poema de Fernando Pessoa, dirigido a um poeta: “Cessa o teu canto! Cessa, que, enquanto o ouvi, ouvia uma outra voz como que vindo nos interstícios do brando encanto com que o teu canto vinha até nós. Ouvi-te e ouvia-a no mesmo tempo e diferentes, juntas a cantar. E a melodia que não havia se agora a lembro, faz-me chorar...” A magia do poema não está nas palavras do poeta. Está nos interstícios silenciosos que há entre as suas palavras. É nesse silêncio que se ouve a melodia que não havia. Aí a magia acontece: a melodia me faz chorar.
Não nos sentimos em casa no silêncio. Quando a conversa para por não haver o que dizer tratamos logo de falar qualquer coisa, para por um fim no silêncio. Vez por outra tenho vontade de escrever um ensaio sobre a psicologia dos elevadores. Ali estamos, nós dois, fechados naquele cubículo. Um diante do outro. Olhamos nos olhos um do outro? Ou olhamos para o chão? Nada temos a falar. Esse silêncio, é como se fosse uma ofensa. Aí falamos sobre o tempo. Mas nós dois bem sabemos que se trata de uma farsa para encher o tempo até que o elevador pare.
Os orientais entendem melhor do que nós. Se não me engano o nome do filme é “Aconteceu em Tóquio”. Duas velhinhas se visitavam. Por horas ficavam juntas, sem dizer uma única palavra. Nada diziam porque no seu silêncio morava um mundo. Faziam silêncio não por não ter nada a dizer, mas porque o que tinham a dizer não cabia em palavras. A filosofia ocidental é obcecada pela questão do Ser. A filosofia oriental, pela questão do Vazio, do Nada. É no Vazio da jarra que se colocam flores.
O aprendizado do ouvir não se encontra em nossos currículos. A prática educativa tradicional se inicia com a palavra do professor. A menininha, Andréa, voltava do seu primeiro dia na creche. “Como é a professora?”, sua mãe lhe perguntou. Ao que ela respondeu: “Ela grita...” Não bastava que a professora falasse. Ela gritava. Não me lembro de que minha primeira professora, Da. Clotilde, tivesse jamais gritado. Mas me lembro dos gritos esganiçados que vinham da sala ao lado. Um único grito enche o espaço de medo. Na escola a violência começa com estupros verbais.
Milan Kundera conta a estória de Tamina, uma garçonete. “Todo mundo gosta de Tamina. Porque ela sabe ouvir o que lhe contam. Mas será que ela ouve mesmo? Não sei... O que conta é que ela não interrompe a fala. Vocês sabem o que acontece quando duas pessoas falam. Uma fala e outra lhe corta a palavra: ‘é exatamente como eu, eu...’ e começa a falar de si até que a primeira consiga por sua vez cortar: ‘é exatamente como eu, eu...’Essa frase ‘é exatamente como eu...’ parece ser uma maneira de continuar a reflexão do outro, mas é um engodo. É uma revolta brutal contra uma violência brutal: um esforço para libertar o nosso ouvido da escravidão e ocupar à força o ouvido do adversário. Pois toda a vida do homem entre os seus semelhantes nada mais é do que um combate para se apossar do ouvido do outro...”
Será que era isso que acontecia na escola tradicional? O professor se apossando do ouvido do aluno ( pois não é essa a sua missão?), penetrando-o com a sua fala fálica e estuprando-o com a força da autoridade e a ameaça de castigos, sem se dar conta de que no ouvido silencioso do aluno há uma melodia que se toca. Talvez seja essa a razão porque há tantos cursos de oratória, procurados por políticos e executivos, mas não haja cursos de escutarória. Todo mundo quer falar. Ninguém quer ouvir.
Todo mundo quer ser escutado. (Como não há quem os escute, os adultos procuram um psicanalista, profissional pago do escutar.) Toda criança também quer ser escutada. Encontrei, na revista pedagógica italiana “Cem Mondialità” a sugestão de que, antes de se iniciarem as atividades de ensino e aprendizagem, os professores se dedicassem por semanas, talvez meses, a simplesmente ouvir as crianças. No silêncio das crianças há um programa de vida: sonhos. É dos sonhos que nasce a inteligência. A inteligência é a ferramenta que o corpo usa para transformar os seus sonhos em realidade. É preciso escutar as crianças para que a sua inteligência desabroche.
Sugiro então aos professores que, ao lado da sua justa preocupação com o falar claro, tenham também uma justa preocupação com o escutar claro. Amamos não é a pessoa que fala bonito. É a pessoa que escuta bonito. A escuta bonita é um bom colo para uma criança se assentar...
Rubem Alves

sábado, 13 de novembro de 2010

Cazuza - Só as mães são felizes - Lucinha Araujo, Regina Echeverria




Livro emocionante sobre a vida de Cazuza relatado por sua mãe. Lucinha Araújo nos apresenta o perfil de seu filho, um rapaz mimado, maluco, irresponsável e um grande poeta que viveu de forma muito intensa sua breve vida. Teve sempre tudo o que quis, por isso não aceitava ser contrariado em seus desejos, o que o tornava muitas vezes agressivo quando não tinha suas vontades satisfeitas. Foi muito amado, e esse amor em excesso fez com que seus pais muitas vezes fechassem os olhos aos seus erros e loucuras.
O ponto alto da história são as emoções vivenciadas por Lucinha em sua luta incansável para tentar amenizar o sofrimento de seu filho causado pelo terrível HIV, o livro nos mostra a determinação e garra dessa mulher. E quem é mãe é quase impossível não ter empatia com a personagem, de sofrer junto com ela todo o processo de tratamento da doença e os últimos momentos de vida do seu filho.

Cazuza

  • Eu conversava com Paulo César quando alguém me perguntou se eu queria me despedir de meu filho. Entrei no quarto, o abracei e lhe pedi perdão por tudo o que eu fiz de errado, por toda a incompreensão, pela impaciência, por amar demais, por ter demorado a entendê-lo. Em voz alta, como se assim ele pudesse me escutar melhor. Três anos depois, conversando com uma amiga, a escritora Glória Perez, ela me verbalizou a mesma sensação que senti naquele momento ao abraçar meu filho morto. Contou que, ao abraçar sua filha Daniella Perez, assassinada em 28 de dezembro de 1992, sentiu como se a estivesse levando de volta a seu útero. Eu abracei Cazuza como se quisesse que ele entrasse dentro de mim novamente.

  • A pior constatação de minha vida foi descobrir que meu filho viveria apesar de mim. Era tamanha a responsabilidade que sentia em relação a ele que de repente, quando ele se transformou numa pessoa pensante – e, de modo geral, com uma cabeça muito diferente da minha –, me percebi totalmente impotente. Os conflitos em casa começaram a se intensificar a partir dos 12 anos de Cazuza. Meu descontrole data do início da era da mentira.
  • Quando meu filho completou 20 anos, foi como se um raio de lucidez se apoderasse de mim. Como, se cansada de tanta luta em vão, me encontrasse finalmente, com as portas da compreensão abertas à minha frente. Até então eu havia tentado, de todas as maneiras possíveis e impossíveis, transformar Cazuza no modelo de ser humano que eu acreditava ser o mais certo, o mais adequado. Fiquei convencida de que não era necessário dominar ninguém para ser feliz. Minha tentativa de dominar meu marido havia revertido de tal maneira que seria correto dizer que era ele quem me dominava. Também tentei dominar meu filho e não consegui. Havia chegado o momento de relaxar, de aceitar o fluxo da vida tal qual ela me fulminava no rosto a cada manhã.

  • Não sei se pela consciência da solidão, ou pela dor de poeta que carregava em seu peito, a verdade é que meu filho nunca desejou servir de exemplo para ninguém. Tinha verdadeiro pavor em ser reconhecido como “guru” e, também, de aglutinar seguidores quando se discutia seu modo de vida. Em entrevistas declarou, várias vezes, que não aconselhava ninguém a segui-lo, nem mesmo um cachorro de rua.

  • Como descrever aquele sentimento que nos envolveu os três, pai, mãe e filho, na mais triste volta de Cazuza para nossa casa? Como se consola um filho que acaba de descobrir ser portador de uma doença fatal? Em que forças devemos nos agarrar em situações de extrema carga emocional como aquela, quando olhei nos olhos de Cazuza e desejei trocar minha vida pela dele?


  • O desabafo de Cazuza com o analista, no último contato entre eles, pode parecer dramático, mas nem mesmo nos dias do pior pesadelo deixei que o clima de piedade contaminasse os últimos momentos da vida de meu filho. Mantive a promessa de nunca chorar na sua frente e essa atitude se reverteu em sentimentos mastigados e não digeridos. Meu sorriso, mesmo assim, esteve sempre nos lábios em todas as últimas vezes em que nossos olhares se cruzaram.

  • Quanto a Cazuza, descubro a cada dia como suas atitudes ousadas e seus versos de belezas desconcertantes carregavam em si o sentido da eternidade. Meu filho acreditou que o destino imutável dos poetas fosse abrir-se ao mundo e rasgar-se todo, até que nenhuma partícula lhe sobrasse desconhecida por dentro. Viveu intensamente todas as chances de experimentar novas sensações que a vida lhe proporcionou. Sem medos e sem freios. Exibiu-se no palco e fora dele com a sensualidade das pessoas intuitivas, não reprimidas.

  • E, assim, penso que o amor das mães não faz mal a ninguém. Basta entender e aceitar esse vínculo carnal que se inicia quando a vida floresce dentro de nossas entranhas. É um longo e doloroso aprendizado, concordo. Para mim, a chance de tentar novamente passou. Quem sabe posso ajudar alguém a compreender?

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

Curta e sábia

Uma noite, um velho índio falou ao seu neto sobre o combate que acontece dentro das pessoas.
Ele disse:
- Há uma batalha entre dois lobos que vivem dentro de todos nós.
Um é Mau – É a raiva, inveja, ciúme, tristeza, desgosto, cobiça, arrogância, pena de si mesmo, culpa, ressentimento, inferioridade, orgulho falso, superioridade e ego.
O outro é Bom – É alegria, fraternidade, paz, esperança, serenidade, humildade, bondade, benevolência, empatia, generosidade, verdade, compaixão e fé.
O neto pensou nessa luta e perguntou ao avô: - Qual lobo vence?
O velho índio respondeu:
- Aquele que você alimenta!
Autor: Desconhecido

terça-feira, 2 de novembro de 2010

O Recurso - John Grisham





O livro nos mostra os bastidores da corrupção do sistema judiciário norte americano. Apesar de o autor afirmar se tratar de uma ficção parece-nos muito real. A trama é muito bem articulada, levando o leitor a conhecer os meandros da política, suas estratégias, seus encantamentos e seduções, e descobrir o que os políticos e os grandes grupos poderosos são capazes para a conquista do poder. Durante o decorrer da leitura cria-se uma expectativa com relação ao desfecho da trama, o que autor consegue nos surpreender simplesmente com a dura realidade.

sábado, 23 de outubro de 2010

Desejos - Carlos Drumond de Andrade

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Franco caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um brozeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Por-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quem é seu amante?

" Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não tem, e as que tinham e perderam".
Geralmente,
são essas últimas que vem ao meu consultório,
para me contar que estão tristes
ou que apresentam sintomas típicos de insônia,
apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver
e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão",
além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente,
eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um
AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas
ao receberem meu conselho.
Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?!
Há também as que, chocadas e escandalizadas,
se despedem e não voltam nunca mais.
Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
"AMANTE"
é aquilo que nos
"apaixona",
é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono,
é também aquilo que, às vezes, nos
impede de dormir.
O nosso "AMANTE "
é aquilo que nos mantém distraídos
em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a
motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso
"AMANTE"
em nosso parceiro,
outras,
em alguém que não é nosso parceiro,
mas que nos desperta as maiores
paixões e sensações incríveis.
Também podemos encontrá-lo
na pesquisa científica ou na literatura,
na música, na política,
no esporte, no trabalho,
na necessidade de transcender espiritualmente,
na boa mesa, no estudo
ou no prazer obsessivo do passatempo predileto....
Enfim,
é "alguém!" ou "algo"
que nos faz "namorar a vida"
e nos afasta do triste destino de
"ir levando"!..
E o que é "ir levando"?
Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem,
é o se deixar dominar pela pressão,
perambular por consultórios médicos,
tomar remédios multicoloridos,
afastar-se do que é gratificante,
observar decepcionado
cada ruga nova que o
espelho mostra,
é se aborrecer com o calor ou com o frio,
com a umidade,
com o sol ou com a chuva.
Ir levando
é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje,
fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão,
de que talvez possamos realizar algo amanhã*.
Por favor, não se contente com
"ir levando";
procure um amante,
seja também um amante e um protagonista
... DA SUA VIDA!

Acredite:
O trágico não é morrer,
afinal a morte tem boa memória,
e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver...
Por isso, e sem mais delongas,
procure um amante ...
A psicologia após estudar muito sobre o tema,
descobriu algo transcendental:

"PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO
E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ,
É PRECISO NAMORAR A VIDA".
Jorge Bucay - Psicológo

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Assalto

- Alô ? Quem tá falando ?
- Aqui é o ladrão.
- Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí ?
- Não, os funcionário tá tudo refém.
- Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né ? Vida difícil... Mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles ?
- Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
- Foi o que pensei. Gestão moderna, né ? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
- Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
- Bom... Sabe o que é? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
- Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um sequestro.. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... Mas , será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
- Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
-Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... Já falei... Eu sou... Peraí bacana... Hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.
(...um minuto depois)
- Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Incrive por quê? Tu achava que era menos?
- Não, achava que era mais ou menos isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, eu consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir 'Pour Elise'.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no
gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
- Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadica de nada, já tá tudo acertado!
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
(de repente, ouvem-se tiros e gritos)
- Ih, sujou! Puliça!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
(sinal de ocupado...)
- Droga! Maldito Estado: quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e estraga tudo !

Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um Homem Inteligente Falando de Mulheres






O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.
Tenho apenas um exemplar em casa,que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

Flores
Também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.
Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação? Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

Não tolha a sua vaidade
É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.
É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay.
Só tem mulher quem pode!
Luiz Fernando Veríssimo

domingo, 3 de outubro de 2010

Eleanor Marx, filha de Karl




Eleanor Marx, uma mulher forte, determinada, a frente de seu tempo, teve um papel de grande importância na classe operária inglesa onde exerceu uma liderança política. Não se curvava às convenções sociais da época. Criada e educada em uma família unida e amorosa. Independente de ser filha de Karl Marx possuía brilho próprio: “Apaixonada, espontânea e tão honesta e franca que, sem se dar conta, desarma seus adversários e impõe um respeito raras vezes visto. É quase uma unanimidade, não apenas por ser filha de Marx, mas por ser como é, Eleanor”. Uma figura tão marcante que: “Por onde quer que apareça, com seu entusiasmo e veemência, deixa sua marca e faz uma diferença. Todos a querem, a chamam, amam sua presença”. Á proporção que vamos lendo e conhecendo a vida de Eleanor, a sua relação afetuosa e carinhosa com sua família, principalmente com seu pai, com quem tinha uma identificação muito forte. Também conhecemos a Eleanor mulher em toda sua fragilidade que desejava amar e ser amada. E como sentia vontade de ser amada. E por conta de um amor infeliz, aos 43 anos se suicidou. Um romance fantástico!

Eleanor Marx, filha de Karl

“A essa altura, vocês já terão compreendido que o socialismo não é exatamente o que nossos inimigos e seus empregados na imprensa apresentam. Invariavelmente, uma das primeiras coisas que eles dizem é que nós, socialistas, queremos abolir a propriedade privada; que não admitimos o ‘direito sagrado de propriedade’. Mas ao contrário, é a classe capitalista hoje que está confiscando nossa propriedade privada. E é porque acreditamos no ‘direito sagrado’ de vocês àquilo que possuem que queremos que vocês possuam o que hoje é tomado de vocês”.
Os capitalistas aboliram a ‘propriedade privada’ das classes trabalhadoras, e nós pretendemos que ela lhes seja devolvida. Todos os homens, então, terão direito à ‘propriedade privada’, pois todos os homens pertencerão a uma só classe – a classe dos produtores.

“Depois, a vocês é dito que os socialistas não querem lei nem ordem. Realmente, nós não queremos o que hoje eles chamam de ordem, pois a ordem de hoje é desordem. A anarquia prevalece por toda parte. Encontramos homens milionários e homens que morrem de fome; mulheres que possuem milhões e milhões e mulheres que tem que escolher entre a fome ou a prostituição. Nós não chamamos isso de ordem. Nós não achamos que seja ‘ordem’ um homem trabalhar dez, doze, catorze ou até mais horas por dia e, no final da vida, não ter nada de seu. Nos não achamos que seja ‘ordem’ mulheres terem que se prostituir. Nós não achamos que seja ‘ordem’ quando de um lado existem fábricas e depósitos abarrotados com superprodução e, de outro, milhares e milhares de pessoas que precisam desses mesmos artigos que apodrecem nas lojas. Tudo isso é desordem, e queremos acabar com isso e colocar uma ordem verdadeira no lugar”.
“Apesar de todo o sofrimento e tristeza, é melhor ter sentimentos fortes do que não ter sentimento nenhum”.

“A vitória de uma greve nem sempre é puro ganho, nem uma greve derrotada é, necessariamente, pura perda. Algumas vezes... é melhor lutar e perder do que não lutar... todas as centenas de greves grandes e pequenas apontam para uma mesma conclusão... a de que o sindicalismo e as greves, por si só, não emanciparão a classe trabalhadora... cuja liberdade econômica só poderá ser conseguida através do domínio do poder político no interesse de sua própria classe”.
“Não creio que exagero quando penso que a beleza da vida, a alegria de viver é o que deve nos guiar e é o que nos pode dar alguma força. Que a revolução significa não apenas a busca da vida e da liberdade, mas a busca da felicidade. Que é por acreditar que a vida vale a pena que podemos ser generosos e ter a ambição de compartilhar com todos o que ela pode oferecer de precioso – mesmo que isso às vezes seja tão pouco”.

“Quanto mais sou capaz de me realizar em várias áreas, mais livre eu sou. O cerne do capitalismo está na alienação em que joga as pessoas, alienação tanto uma das outras, quanto da natureza e, sobretudo, de si mesmas: de seus sentidos, suas emoções, suas forças criativas”.
“Tenho tanta necessidade de afeto que, sem ele, as coisas para mim perdem o sentido. Ficam pesadas, negras, sem graça. Não sei viver se não puder ter esse mínimo cotidiano de felicidade, que é sentir que sou importante para as pessoas que me cercam. É poder olhar o mundo e enxergar sua luz, suas formas, seus cheiros, e sentir que vale a pena. Não sei viver sem isso”.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Confie em mim




Após o suicídio de Spencer, Adam – seu melhor amigo – passa a ter um comportamento diferente. Os pais de Adam preocupados com o filho decidem por instalar um programa no computador do rapaz onde é possível monitorar todos os seus acessos à internet. Mike, pai de Adam, se questiona: “até que ponto é direito invadir a privacidade de um filho para protegê-lo”? Apesar de acreditarem que o comportamento estranho do filho possa ser apenas problemas relacionados com a adolescência, não imaginam que Adam possa estar envolvido com pessoas muito perigosas. Paralelas à história de Adam, outras histórias vão se desenrolando aparentemente sem possuírem relação umas com as outras. No entanto, determinados fatos vão se sucedendo, inclusive a misteriosa morte de duas mulheres. Como em um quebra cabeça as peças vão se encaixando e o autor muito habilmente traça um viés e as histórias passam a se interligarem chegando ao um final surpreendente e inusitado.

Confie em mim - Harlan Coben

" A adolescência era um período recheado de angústias, turbinado por hormônios, um vendaval de emoções ressentidas ao extremo. E tudo passava tão rápido. Mas não se podia dizer isso a um adolescente. Se fosse possível fazer um adolescente ouvir uma única pérola de sabedoria dos pais, seria bastante simples: "Isto também passará", e depressa. Eles não ouviriam, claro, pois é justamente aí que residem a graça e a desgraça da juventude".

"Por que nós, humanos, nunca aprendemos as lições que deveríamos aprender? O que haverá na nossa índole que, na verdade, nos empurra para aquilo que deveríamos repelir"?

"É estranho, mas todos queremos que nossos filhos concordem com nossos pontos de vista, como se eles fossem melhores e mais saudáveis que os dos nossos próprios pais. Mas por que seriam? Porque fomos criados da maneira certa ou porque descobrimos por nós mesmos? E nossos filhos, poderão fazer suas próprias descobertas"?

"Dois irmãos são criados exatamente da mesma maneira e se tornam adultos completamente diferentes: um, gentil e afável; o outro, um assassino. Há quem diga que é uma "programação genética", a vitória da natureza sobre a cultura, mas às vezes o caso nem é esse: trata-se apenas de algum acontecimento aleatório que altera a vida de uma pessoa, algo no vento que se mistura à química cerebral dela, qualquer coisa. E então, depois da tragédia, procuramos explicações e, mesmo que as encontremos, não passarão de teorias".

"A confiança é assim. Podemos quebrá-la pelos melhores motivos do mundo, mas ela permanecerá quebrada para sempre".

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Agnès Humbert



Ao ler Resistência de Agnès Humbert descobre-se o verdadeiro significado do que seja resistência,coragem e determinação.

Homenagem a Agnès Humbert

Que terei eu a dizer sobre sofrimento
Depois dos duros momentos
Que vi diante dos meus olhos
No teu relato tão lúcido?

Na guerra o homem embrutece
Sua humanidade esquece
Não se reconhece no outro
Trata-o como animal
Não! O animal é o tal.

Lu Campos 06/09/10

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde




A história é ambientada na Inglaterra do século XIX. Oscar Wilde nos presenteia com muita maestria um relato dos costumes da sociedade da época.
O pintor Basil Halward fez um retrato de corpo inteiro de Dorian Gray, um jovem, cuja beleza encantava-o e fascinava-o. Não era difícil se encantar com Dorian, ele possuía um quê de ingênuo que o tornava ainda mais atraente. Ao visualizar o belo retrato feito por Basil, Dorian desejou permanecer sempre jovem e bonito.
Seu desejo parece ter sido atendido, pois à proporção que o tempo passava, Dorian permanecia cada vez mais belo e jovem, o retrato em contrapartida, envelhecia e com ele indelevelmente ficavam marcados todos os traços da personalidade má de Dorian.
Com lorde Henry Wotton, Dorian se envolve em um mundo de veneração à beleza, sem limites para o prazer. Dorian era admirado, invejado. Todos queriam sua atenção, suas opiniões acerca de tudo: como se vestir, como andar, como falar. Tudo que Dorian fazia virava tendência, tornou-se um ícone. Mas também era um mundo de grande vazio. A fama de Dorian o levou também ao ostracismo, já que seu modo desregrado de vida passou a desencaminhar jovens que o seguia.
Apesar do romance se passar no século XIX, a história é muito semelhante aos dias atuais. Vemos hoje “ídolos” que assim como surgem do dia para a noite, endeusados e venerados pela mídia, em uma carreira meteórica, desaparecem da mesma forma que surgem. Muitas vezes sem deixar rastros. Os verdadeiros artistas se eternizam e os medíocres simplesmente sucumbem.

O Retrato de Dorian Gray - Oscar Wilde


"As paixões que mais nos tiranizam são aquelas que nutrimos em relação à origem de nossos enganos . Nossos motivos mais débeis são aqueles de cuja natureza temos consciência. Costuma acontecer, com frequência, que quando pensamos estar experimentado nos outros, estamos, na verdade, experimentando em nós mesmos".

"O prazer é o teste da natureza, é seu sinal de aprovação. Quando estamos felizes, somos sempre generosos, mas, quando somos generosos, nem sempre somos felizes".

"Todo efeito que produzimos nos proporciona um inimigo. Quem quer ser popular tem que ser uma mediocridade".

"Todo romance vive da repetição e a repetição converte todo apetite em arte. Além disso, cada vez que amamos é a única vez que amamos. A diferença de objeto não algera a exclusividade da paixão, apenas a intensifica. Podemos ter, na vida, no máximo, uma grande experiência, e o segredo da vida está em repeti-la com a maior frequência possível".

terça-feira, 7 de setembro de 2010

o poder de transformação da leitura

Resistência - Agnès Humbert



Por ocasião da invasão da França pelos nazistas durante a 2ª Guerra Mundial, um grupo de intelectuais resolve resistir à invasão e juntos fundaram um jornal: “Résistance”. Alem da divulgação de notícias o periódico clandestino servia como instrumentos para a divulgação de suas idéias.
O grupo logo foi denunciado e seus membros foram presos e muitos deles fuzilados. Agnès através de seu diário nos relata com riqueza de detalhes todo o sofrimento, as humilhações, os trabalhos forçados e as torturas que eram infligidos aos presos políticos nas prisões nazistas.
Enfrentando todos estes sofrimentos Agnès nunca se dobrou e encarou todas as agruras com muita coragem, força e determinação sem jamais entregar os amigos. Apesar do tema a narrativa de Agnès é leve e de fácil compreensão o que torna o livro muito fascinante.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

O caçador de pipas - Khaled Hosseini




Khaled Hosseini nos faz um relato empolgante, sobre a vida de dois amigos que possuem personalidades bem opostas.Amir bem nascido e covarde. Hassan, bondoso e leal. O enredo cativante nos leva a refletir sobre o valor de uma verdadeira amizade.
O autor com muita habilidade ao mesmo tempo em que nos envolve com uma narrativa de linguagem simples e de fácil compreensão, nos fazendo despertar para sentimentos dos mais variados, mostra também a cultura do povo afegão e como este país sofre com as agruras da guerra. É impossível não se emocionar e se apaixonar por este romance.

domingo, 29 de agosto de 2010

Anjos e Demônios - Dan Brown


O cientista Leonardo Vetra é encontrado morto e marcado a fogo com uma inscrição em seu peito: “Iluminatti”. Para ajudar a decifrar e descobrir o responsável pelo crime foi chamado Robert Langdon, professor de Simbologia de Harvard. O fato causa estranheza a Langdon, pois esta sociedade secreta já havia sido extinta há muitos anos atrás.
Leonardo Vetra “esperava provar um dia que ciência e religião são dois campos totalmente compatíveis, duas abordagens diferentes para se encontrar a mesma verdade”. Leonardo e sua filha conseguiram criar uma experiência para provar que o Gênese era possível. Assim como também produziram partículas de antimatéria, arma extremamente devastadora que foi roubada do centro de pesquisa e levada com o intuito de destruir o Vaticano, que na ocasião estava ocorrendo o conclave para a eleição do novo papa.
Langdon tinha como missão juntamente com Vitória Vetra encontrar a antimatéria e evitar o desastre iminente. A narrativa feita por Dan Brown é fascinante com um desfecho surpreendente, onde ele consegue prender o leitor não somente pela trama bem articulada como também pelas informações sobre ciência, história e religião.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

O livro das mentiras - Brad Meltzer


Que arma Caim usou para matar Abel? Onde se encontra o livro das mentiras? Buscando responder estas questões e estabelecendo uma relação deste assassinato com a morte do pai do criador do Super-homem, Brad Meltzer em “O livro das mentiras” criou uma obra de ficção pra lá de surpreendente, onde cada capítulo esta repleto de ação, suspense e muitas surpresas. E porque não dizer também de reflexões que permeiam a narrativa: “Um dano muito grande ocorre neste mundo quando é dita a coisa errada. Mas nada se compara com a dor do que continua não dito”. Muito bom!

O livro das mentiras - Brad Meltzer

 Nesta vida, você não percebe que enfrenta os mesmos desafios repetidas vezes? Todos nós fazemos isso. Eles são desafios para a alma. Nós os repetimos até enfrentá-los e dominá-los. Sim todos nós temos livre-arbítrio, mas hã padrões divinos nesses desafios, e a batalha consiste em vê-los.
 Eu compreendo a dor. Vivi com dor a minha vida inteira. Mas a dor não é nada comparada com a traição. E a traição não é nada comparada com saber que o dardo arremessado em suas costas foi lançado pela única pessoa em sua vida na qual você confiava.
 Há a vida que você vive e a vida que deixa para trás. Mas o que compartilha com alguém - especialmente alguém que você ama - isto não significa simplesmente enterrar o passado. É como se escreve o futuro.
 Um dano muito grande ocorre neste mundo quando é dita a coisa errada. Mas nada se compara com a dor do que continua não dito.
 A alma não terá arco-íris se os olhos não tiverem lágrimas.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Quando Nietzsche chorou

 Uma coisa que me parece clara é a importância de você não se deixar viver pela própria vida. Senão, chegará aos 40 sentindo que não viveu realmente. O que eu aprendi? Talvez a viver agora, de modo que, aos 50, não relembre arrependido os anos em que fui um quarentão.

 Temos de viver como se fôssemos livres. Ainda que não possamos escapar do destino, temos que enfrentá-lo de cabeça erguida... Temos que desejar que nosso destino aconteça. Temos que amar nosso destino.

 Cada pessoa tem que escolher quanta verdade consegue suportar.
 A relação conjugal só é ideal quando não é necessária para a sobrevivência de cada parceiro.

 Para se relacionar plenamente com o outro, você precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como um escudo contra o isolamento. Somente quando consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, você consegue se voltar para outra pessoa com amor; somente então é capaz de se preocupar com o engrandecimento do outro ser humano.

 A chave para viver bem é primeiro desejar aquilo que é necessário e, depois, amar aquilo que é desejado.

 O isolamento só existe no isolamento. Uma vez compartilhado, ele se evapora.

Quando Nietzsche chorou - Irvin D. Yalom


O livro trata da história da grande amizade que nasceu entre o filósofo Nietzsche e um dos pais da psicanálise, Josef Breuer. Sem esquecer, que é uma obra de ficção, onde o autor esclarece em suas notas que Nietzsche e Breuer nunca se conheceram. O autor se utiliza de fatos reais com uma boa dose de ficção e resulta em uma história fascinante.
O romance de Lou Salomé e Nietzsche foi ameaçado pela interferência de Elisabeth, irmã de Nietzsche que não aceitava esta relação. Com o rompimento do romance, Lou Salomé teme pela saúde mental de Nietzsche. Acredita que o mesmo queira se suicidar.
Através de uma nova técnica utilizada para cura de histeria, apresentada pelo Dr. Breuer, em uma palestra, Lou Salomé acredita que o médico possa ajudar Nietzsche. O problema seria aproximar Nietzsche de Breuer. A solução encontrada foram as fortes crises de enxaqueca sofridas por Nietzsche. Dr. Breuer precisava desenvolver uma técnica para tratar o problema psicológico de Nietzsche sem que o mesmo soubesse que estava sendo tratado e que por trás estava Lou Salomé. Deste tratamento decorre uma grande amizade entre os dois, onde o médico acaba se tornando paciente. Dr Breuer, médico conceituado e renomado com uma vida estável, de repente se vê questionando sobre certas verdades que sempre procurou não ver.
Nessa mistura de filosofia, psicologia e literatura, como não poderia deixar de ser, o livro é todo permeado de muita reflexão acerca da vida. Aqui destaco: “Para se relacionar plenamente com o outro, você precisa primeiro relacionar-se consigo mesmo. Se não conseguimos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como um escudo contra o isolamento. Somente quando consegue viver como a águia, sem absolutamente qualquer público, você consegue se voltar para outra pessoa com amor; somente então é capaz de se preocupar com o engrandecimento do outro ser humano”.

Comer rezar amar - Elizabeth Gilbert


Comecei a ler o livro com certa relutância, pensei que se tratava de livro de auto-ajuda – estilo que não gosto –, acreditava que não passaria da introdução. Mas para minha surpresa descobri que estava enganada. A autora através de uma linguagem simples nos mostra a coragem de uma mulher que resolveu sair em busca do prazer e da verdade, sendo que para isso chutou tudo: o casamento e o emprego. Ela consegue prender a atenção do leitor, ficando difícil largar o livro. Há determinadas passagens da história muito hilariantes que chega a ser impossível não dar gargalhadas. Assim como também, consegue comover em determinados momentos, principalmente em que relata a luta consigo mesma para vencer sua depressão e suas fraquezas , emociona, ficando difícil não chorar junto com ela. Concordo com Elle Macpherson: toda mulher deve lê-lo.