sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Pequena Abelha - Chris Cleave



A primeira coisa que me chama atenção em um livro é seu título, em seguida a sua sinopse. Neste livro tanto uma quanto a outra me chamaram a atenção. Fiquei curiosa acerca do título e principalmente quando me deparei com a seguinte sinopse: "Não queremos lhe contar o que acontece neste livro. É realmente uma história especial, e não queremos estragá-la. Ainda assim, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte: Esta é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa... Depois de ler este livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como esta narrativa se desenrola". Realmente. A história é fascinante. Ao terminar de ler o livro o sentimento que tive foi de êxtase. A forma como a narrativa se desenrola é fantástica! O autor vai compondo a história de uma forma muito envolvente. E como um quebra-cabeça as peças vão se encaixando de uma forma sútil e surpreendente. Fica difícil largar o livro. Vale a pena se deixar seduzir e se comover com a trajetória dessas duas mulheres tão fortes e tão decididas!  

Pequena Abelha - Chris Cleave

  • A morte, claro, é um refúgio. É para onde você vai quando um nome novo ou uma máscara e uma capa não conseguem mais escondê-lo de si mesmo. É para onde você corre quando nenhum dos principados da sua consciência lhe concede asilo.
  • O futuro é outra coisa que eu teria de explicar às moças da minha terra. O futuro é o maior produto de exportação de meu país. Sai tão depressa pelos nossos portos marítimos que a maioria do nosso povo nunca o viu nem sabe com é. No meu país, o futuro existe em pepitas de ouro escondidas na rocha ou é colhido em reservas escuras no fundo da terra. Nosso futuro se esconde da luz, mas o povo de vocês chega lá com um grande talento para adivinhar onde está.
  • Na realidade, o que vocês nos deixaram mesmo foram seus objetos abandonados. Quando vocês pensam em meu continente, talvez pensem na vida selvagem - nos leões, nas hienas e nos macacos. Quando penso nele, penso em todas as máquinas quebradas, nas coisas gastas, estragadas, despedaçadas e rachadas. Sim, nós temos leões. Eles estão dormindo nos tetos de contêineres enferrujados. Também temos hienas. Elas estão partindo os crânios dos homens lentos demais para fugir de seus próprios soldados. E os macacos? Os macacos estão lá longe, na extremidade da aldeia, brincando em cima de uma montanha de computadores velhos que vocês mandaram para ajudar em nossa escola - a escola que não tem eletricidade.
  • Era assim que vivíamos, felizes e sem esperança. Eu era muito nova então, e não sentia falta de ter um futuro porque não sabia que tinha direito a um. Tudo o que sabíamos do resto do mundo era o seu filme velho, muito velho. Sobre homens que estavam com muita pressa, às vezes em aviões a jato, às vezes em motocicletas e às vezes de cabeça para baixo.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Se eu pudesse viver minha vida novamente... Rubem Alves


Sempre que leio Rubem Alves o que mais me impressiona é a habilidade que ele possui de transformar os sentimentos em palavras. Acredito que seja pelo fato tranquilo e transparente com que escreve. Cada texto nos possibilita fazer uma reflexão sobre a vida e dele tirar grandes ensinamentos. Leitura leve e prazerosa da primeira a última página  que nos encantam e nos fazem pensar.  Vale a pena!

Se eu pudesse viver minha vida novamente... Rubem Alves


  • E que outra maneira existe de se comunicar com as pessoas comuns senão simplesmente dizer as palavras que o amor escolhe?
  • Escrevia para educar. Mas tinha horror ás escolas. Nas escolas se formam os rebanhos de ovelhas, todas balindo igual, todas pensando igual. Ovelha que balisse diferente, que pensasse diferente, ia para o manicômio ou era reprovada. Morreria de rir se tivesse tido a felicidade de ler a Adélia Prado: Escola é uma coisa sarnenta. Fosse terrorista, raptava era diretor de escola e dentro de três dias amarrava no formigueiro, se não aceitasse minhas condições. Quando acabarem as escolas, quero nascer outra vez.
  • Os silêncios são sempre embaraçosos porque nunca se sabe o que o outro está pensando...
  • Natal é triste porque se tenta pegar uma coisa que não volta mais. É (quase)luto, procura do que se perdeu... Tanto é assim que nele não se admitem coisas novas. As canções têm que ser as mesmas, pois é nelas que moram as memórias. E também os bolos e as frutas, nossos amigos de infância: sacramentos de uma meninice que se foi. E se fazemos tanta festa não é porque estejamos alegres. É para espantar a tristeza...
  • A alma é um cenário. Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca, inundada de alegria. Por vezes ela é como um pôr de sol, triste e nostálgico. A vida é assim. Mas, se é manhã brilhante o tempo todo, alguma coisa está errada. Tristeza é preciso. A tristeza torna as pessoas mais ternas. Se é crepúsculo o tempo todo, alguma coisa não está bem. Alegria é preciso. Alegria é a chama que dá vontade de viver.
  • O bom da literatura é que ela nos faz viajar por tempos e lugares aonde a gente nunca foi e nunca irá. Mesmo porque as coisas que existem na literatura não existem na realidade. A literatura tem os poderes dos deuses: ela faz existir coisas que nunca existiram e chama as coisas que não são como se fossem.
  • A Palavra se faz carne... Prova disso são os tremores que percorrem nosso corpo, ora como riso,ora como choro. Se tivessem acontecido de fato,elas seriam criaturas da história, tempo do "nunca mais". "Never more, never more", repetia o corvo de Poe. "Nunca mais" é o tempo dos mortos, das sepultura, do sem volta. Mas as estórias são criaturas do tempo da imaginação, tempo do eterno retorno, das repetições das ressurreições. Quando se conta de novo uma estória, aquilo que nela aconteceu no passado imaginário se torna vivo no presente. Sim já ouvimos a música muitas vezes. Sabemo-la de cor. Mas queremos ouvi-la de novo para sentir a sua beleza sempre presente, para rir e chorar. Assim é o tempo da imaginação. A alma é o lugar onde o amor guarda o que não aconteceu, sob a forma de imaginação, para que aconteça sempre.
  • As estórias são flores que a imaginação faz crescer no lugar da dor. Minhas estórias cresceram das dores da minha filha, que eram minhas próprias dores. por isso disse que comecei a escrever porque ela precisava delas, das estórias. Curar a dor, isso elas não podem fazer. Mas podem transfigurá-la. A imaginação é a artista que transforma o sofrimento em beleza. E a beleza torna a dor suportável Por isso escrevo estórias: para realizar a alquimia de transforma dor em flor. Minhas estórias são as minhas poções mágica... Não há contraindicações nem é preciso receitas...


quarta-feira, 8 de junho de 2011

Não deixe o amor passar

Nada mais fascinante que o amor! Estar apaixonado é algo divino, puro êxtase.
Muitas vezes o que pode passar despercebido pelos olhos é flagrantemente perceptível pelo coração, por isso...





NÃO DEIXE O AMOR PASSAR

Quando encontrar alguém e esse alguém fizer seu coração parar de funcionar por alguns segundos, preste atenção: pode ser a pessoa mais importante da sua vida.
Se os olhares se cruzarem e, neste momento, houver o mesmo brilho intenso entre eles, fique alerta: pode ser a pessoa que você está esperando desde o dia em que nasceu.
Se o toque dos lábios for intenso, se o beijo for apaixonante, e os olhos se encherem d’água neste momento, perceba: existe algo mágico entre vocês.
Se o primeiro e o último pensamento do seu dia for essa pessoa, se a vontade de ficar juntos chegar a apertar o coração, agradeça: Deus te mandou um presente: O Amor.

Por isso, preste atenção nos sinais - não deixe que as loucuras do dia-a-dia o deixem cego para a melhor coisa da vida: O AMOR.



Carlos Drummond de Andrade





terça-feira, 17 de maio de 2011

No tempo das Borboletas - Julia Alvarez



Rafael Leónidas Trujillo, foi o ditador da República Dominicana entre 1939 e 1961. Governou de forma coercitiva como todo tirano, passando por cima de tudo e de todos para exercer seu poder. Torturava e mandava matar todos aqueles que não comungavam com suas idéias. Cidadãos eram perseguidos e vigiados. Vivia-se então naquele período a mais terrível das ditaduras. Mas em meio a este contexto surgem as irmãs Mirabal: Patria Mercedes, Minerva, Dedé e Maria Tereza, que não se intimidaram e em defesa de um ideal, enfrentaram o terrível ditador. Ficaram conhecidas como borboletas. As irmãs foram presas e torturadas, mas mesmo assim não se curvaram ao tirano. Em 25 de março de 1960 foram covardemente mortas. A morte das irmãs causou muita comoção entre a população que passou a defender os ideais das borboletas e culminou com o assassinato de Trujillo.

É interessante observar que autora esclarece que não era seu objetivo escrever a biografia das borboletas, como ressalta: “E é por isso que não são as irmãs Mirabal de fato que você encontra nestas paginas, E nem as irmãs Mirabal da lenda. Nunca conheci as irmãs verdadeiras, nem tive acesso a informações suficientes, nem possuo o talento e a vocação de um biógrafo para retratá-las adequadamente”. Mas seu intuito era retratar o espírito de luta destas valentes irmãs: “Então, o que você vai encontrar aqui são as Mirabal que criei, fiéis espero, ao espírito das Mirabal de verdade”.

A narrativa primorosa de Julia Alvarez é cativante, o perfil de cada personagem é muito bem construído. Sofri, me emocionei, vibrei com a trajetória de cada uma das personagens. Mulheres valentes, determinadas, que não perdiam de vista seu papel de mulheres, mães, amantes e companheiras. Muitas vezes se sentiam fragilizadas e carentes. Mas acreditando em um ideal de liberdade buscavam forças para se fortalecerem e animarem seus companheiros para continuarem na luta por uma sociedade mais justa.

No tempo das Borboletas

Fragmentos do caderno de Mate na prisão:

•Você acha que em algum dia vai enlouquecer, mas o estranho é que todo dia você surpreende a si mesma melhorando e, de repente, começa a se sentir mais forte, e acha que talvez possa conseguir atravessar este inferno com alguma dignidade, alguma coragem e, o que é mais importante - não se esqueça disso, Mate - ainda com algum amor no coração pelos homens que fizeram isso com você.

•Depois que você perde o medo, a coisa mais dura aqui é a falta de beleza. Não há música para se ouvir, nem cheiros bons, nem nada bonito para se olhar. Até rostos que normalmente seriam bonitos, como o de Kiki, ou lindos, como o de Minerva, perderam o brilho. Você não quer olhar para si mesma, com medo do que vai ver. O espelhinho de bolso que Dedé mandou está guardado no nosso esconderijo para quem quiser dar uma olhada. Duas vezes, eu o apanhei, não por vaidade, mas para ter certeza de que ainda estou aqui, não desapareci.

domingo, 10 de abril de 2011

Uma crença silenciosa em anjos - J. R. Elllory

Uma pequena cidade é abalada por uma série de brutais assassinatos de meninas.

Joseph juntamente com seus amigos faz um pacto para proteger as meninas da cidade e tentar capturar o terrível assassino. Eram apenas crianças diante de um assassino frio, cruel e calculista.

Os assassinatos continuam ao longo dos anos e os fantasmas das meninas parecem perseguir Joseph como que cobrando dele a promessa feita de protegê-las. A busca por esse assassino só trará para Joseph perdas e grandes sofrimentos. Mas ele acredita que só terá paz quando descobrir a identidade do assassino. Mal sabe ele que o assassino sempre esteve tão perto.


Romance policial bem escrito, com uma linguagem fácil, que nos leva a ter uma grande empatia pelo protagonista da história. O autor conduz muito bem a trama. Apesar de deixar pistas para o leitor, consegue esconder com muita habilidade a identidade do assassino.

Uma crença silenciosa em anjos - J. R. Elllory


  • Não estamos na Idade Média. Não somos pessoas ignorantes. Adolf Hitler é branco, da mesma maneira como Gengis Khan era mongol e Calígula era romano. Não é a nacionalidade, nem a cor, nem a religião... é sempre só o homem.

  • Se quer escrever, deve escrever, mas lembre-se sempre de escrever a verdade da forma como a vê, não como os outros querem que seja vista. Entende?

  • Quando ficamos mais velhos, com o ceticismo e a amargura se acumulando em nós ao longo dos anos, perdemos a inocência infantil e, com ela, aquele dom de enxergar o coração dos homens. Olhe nos olhos deles, eu me dizia, e olhando você verá quem realmente são. Os olhos são as janelas da alma; olhe com mais atenção e verá os aspectos mais sombrios refletidos.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Relógio do coração

Mario Quintana é um dos meus autores favoritos. Esse poema sobre o tempo, é lindo demais...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Barulho da Carroça


BARULHO DA CARROÇA

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.

Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo - disse meu pai - é uma carroça vazia.
Perguntei ao meu pai:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora - respondeu meu pai - é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho.

Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando para intimidar, tratando o próximo com grossura, de forma inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: 'Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz'...
Autor Desconhecido

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A menina que roubava livros - Markus Zusak


É uma história cativante, cujo perfil psicológico dos personagens é delineado pelo autor com muita criatividade e maestria. Em meio a um período de atrocidades advindas do nazismo e tão conturbado em que vivia a Alemanha, uma área pobre em uma cidade próxima a Munique, vai servir de palco para uma das mais belas histórias que já li. Ali os personagens vivenciam e partilham momentos de amor, solidariedade, lealdade e troca que encantam e emocionam o leitor. Ao final fica uma saudade não só dos personagens, que parece que criam vida a cada página lida, como também da forma peculiar que o autor escreve.

A menina que roubava livros - Markus Zusak

• Mais Rudy Steiner não pode resistir a um sorriso. Em anos vindouros, ele seria um doador de pão, não um ladrão - mais uma prova de como o ser humano é contraditório. Um punhado de bem, um punhado de mal. É só misturar com água.

• Viver. Viver era ficar vivo. O preço era a culpa. Aliada à vergonha.

• Dizem que a guerra é a melhor amiga da morte, mas devo oferecer-lhe um ponto de vista diferente a esse respeito. Para mim, a guerra é como aquele novo chefe que espera o impossível. Olha por cima do ombro da gente e repete sem parar a mesma coisa: "Apronte logo isso, apronte logo isso". E aí a gente aumenta o trabalho. Faz o que tem que ser feito. Mas o chefe não agradece. Pede mais.

• Aquele verão foi um novo começo, um novo fim. Quando olho para trás, lembro-me de minhas mãos escorregadias de tinta e do som dos pés de papai na Rua Munique, e sei que um pedacinho do verão de 1942 pertenceu a um homem só. Quem mais pintaria pelo preço de meio cigarro? Papai era assim, isso era típico, e eu o adorava.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O significado do livro


Livro deveria ser como o chão

que se pisa, o ar que se respira,

a namorada que se está

esperando.


Livro também pode TER

gosto de saudade, mas deve

ser companheiro no presente,

amigo no futuro.


O livro não é só pra ser lido,

mas ser palpado, olhado,

cheirado, saboreado, ouvido,

deglutido, metabolizado.


Livro não pode ser proibido.

Livro não pode ficar escondido

em bibliotecas, envelhecendo

sem viver.


Livro é um eterno movimento,

que passa de mão em mão,

ondulando os mares da sabedoria.

Livro devia ser como brinquedo,

completando o "homo ludens".


Livro é perfume do espírito.

Livro é viagem. Livro é pergunta,

É resposta.


Livro é começo e o sinônimo

da LIBERDADE.


Ronaldo Simões Coelho


Há pessoas que nos falam

e nem as escutamos

há pessoas que nos ferem

e nem cicatrizes deixam

Mas há pessoas que,

simplesmente,

aparecem em nossa vida...

... e que marcam

para sempre.



Cecília Meireles