sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Relógio do coração

Mario Quintana é um dos meus autores favoritos. Esse poema sobre o tempo, é lindo demais...

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O Barulho da Carroça


BARULHO DA CARROÇA

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer.

Ele se deteve numa clareira e depois de um pequeno silêncio me perguntou:
- Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo - disse meu pai - é uma carroça vazia.
Perguntei ao meu pai:
- Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
- Ora - respondeu meu pai - é muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho.

Quanto mais vazia a carroça maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando para intimidar, tratando o próximo com grossura, de forma inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo e, querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo: 'Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz'...
Autor Desconhecido

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A menina que roubava livros - Markus Zusak


É uma história cativante, cujo perfil psicológico dos personagens é delineado pelo autor com muita criatividade e maestria. Em meio a um período de atrocidades advindas do nazismo e tão conturbado em que vivia a Alemanha, uma área pobre em uma cidade próxima a Munique, vai servir de palco para uma das mais belas histórias que já li. Ali os personagens vivenciam e partilham momentos de amor, solidariedade, lealdade e troca que encantam e emocionam o leitor. Ao final fica uma saudade não só dos personagens, que parece que criam vida a cada página lida, como também da forma peculiar que o autor escreve.

A menina que roubava livros - Markus Zusak

• Mais Rudy Steiner não pode resistir a um sorriso. Em anos vindouros, ele seria um doador de pão, não um ladrão - mais uma prova de como o ser humano é contraditório. Um punhado de bem, um punhado de mal. É só misturar com água.

• Viver. Viver era ficar vivo. O preço era a culpa. Aliada à vergonha.

• Dizem que a guerra é a melhor amiga da morte, mas devo oferecer-lhe um ponto de vista diferente a esse respeito. Para mim, a guerra é como aquele novo chefe que espera o impossível. Olha por cima do ombro da gente e repete sem parar a mesma coisa: "Apronte logo isso, apronte logo isso". E aí a gente aumenta o trabalho. Faz o que tem que ser feito. Mas o chefe não agradece. Pede mais.

• Aquele verão foi um novo começo, um novo fim. Quando olho para trás, lembro-me de minhas mãos escorregadias de tinta e do som dos pés de papai na Rua Munique, e sei que um pedacinho do verão de 1942 pertenceu a um homem só. Quem mais pintaria pelo preço de meio cigarro? Papai era assim, isso era típico, e eu o adorava.