quarta-feira, 11 de abril de 2012

Ano 2020: A extinção dos professores...


Há poucos dias recebi este texto através e-mail. Não sei de quem é a autoria. É lamentável que a sociedade, os governantes não valorizem o professor. Um profissional que é a ferramenta principal para o desenvolvimento de uma sociedade mais humana. Segundo o texto a extinção do professor faz parte de um plano arquitetado por vilões da sociedade. Será?! Infelizmente o texto retrata uma realidade que vivenciamos e que não dá pra ignorar...





Ano 2020: A extinção dos professores...

O ano é 2.020 D.C. - ou seja, daqui oito anos - uma conversa entre avô e neto tem início a partir da seguinte interpelação:
– Vovô, por que o mundo está acabando?
A calma da pergunta revela a inocência da alma infante. E no mesmo tom vem a resposta:
– Porque não existem mais PROFESSORES, meu anjo.
– Professores? Mas o que é isso? O que fazia um professor?
O velho responde, então, que professores eram homens e mulheres elegantes e dedicados, que se expressavam sempre de maneira muito culta e que, muitos anos atrás, transmitiam conhecimentos e ensinavam as pessoas a ler, falar, escrever, se comportar, localizar-se no mundo e na história, entre muitas outras coisas. Principalmente, ensinavam as pessoas a pensar.
– Eles ensinavam tudo isso? Mas eles eram sábios?
– Sim, ensinavam, mas não eram todos sábios. Apenas alguns, os grandes professores, que ensinavam outros professores, e eram amados pelos alunos.
– E como foi que eles desapareceram, vovô?
– Ah,foi tudo parte de um plano secreto e genial, que foi executado aos poucos por alguns vilões da sociedade. O vovô não se lembra direito do que veio primeiro, mas sem dúvida, os políticos ajudaram muito. Eles acabaram com todas as formas de avaliação dos alunos, apenas para mostrar estatísticas de aprovação. Assim, sabendo ou não sabendo alguma coisa, os alunos eram aprovados. Isso liquidou o estímulo para o estudo e apenas os alunos mais interessados conseguiam aprender alguma coisa.
Depois, muitas famílias estimularam a falta de respeito pelos professores, que passaram a ser vistos como empregados de seus filhos. Estes foram ensinados a dizer “eu estou pagando e você tem que me ensinar”, ou “para que estudar se meu pai não estudou e ganha muito mais do que você” ou ainda “meu pai me dá mais de mesada do que você ganha”. Isso quando não iam os próprios pais gritar com os professores nas escolas.
Para isso muito ajudou a multiplicação de escolas particulares, as quais, mais interessadas nas mensalidades que na qualidade do ensino, quando recebiam reclamações dos pais, pressionavam os professores, dizendo que eles não estavam conseguindo “gerenciar a relação com o aluno”.
Os professores eram vítimas da violência – física, verbal e moral – que lhes era destinada por pobres e ricos. Viraram saco de pancadas de todo mundo.
Além disso, qualquer proposta de ensino sério e inovador sempre esbarrava na obsessão dos pais com a aprovação do filho no vestibular, para qualquer faculdade que fosse.
“Ah, eu quero saber se isso que vocês estão ensinando vai fazer meu filho passar no vestibular”, diziam os pais nas reuniões com as escolas.
E assim, praticamente todo o ensino foi orientado para os alunos passarem no vestibular.
Lá se foi toda a aprendizagem de conceitos, as discussões de idéias, tudo, enfim, virou decoração de fórmulas. Com a Internet, os trabalhos escolares e as fórmulas ficaram acessíveis a todos, e nunca mais ninguém precisou ir à escola para estudar a sério.
Em seguida, os professores foram desmoralizados. Seus salários foram gradativamente sendo esquecidos e ninguém mais queria se dedicar à profissão.
Quando alguém criticava a qualidade do ensino, sempre vinha algum tonto dizer que a culpa era do professor.
As pessoas também se tornaram descrentes da educação, pois viam que as pessoas “bem sucedidas” eram políticos e empresários que os financiavam, modelos, jogadores de futebol, pagodeiros, agiotas, traficantes, artistas de novelas da televisão – enfim, pessoas sem nenhuma formação ou contribuição real para a sociedade.

ATENÇÃO:
Qualquer semelhança com a situação deste País ultrajado e saqueado por políticos, quadrilheiros e mafiosos, não é mera coincidência. É a pura verdade.

"Se quiseres que algo se faça, encarregue para isso, uma pessoa ocupada." .
Autor:Proverbio Chines

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Falcão Mulheres e o Tráfico

Excelente e corajoso trabalho de Celso Athayde e MV Bill. Mostram de forma transparente a realidade do universo do crime, do tráfico nas favelas. Impressiona o depoimento das mulheres e como se relacionam com esta realidade. Também chama a atenção como se dão as regras neste universo tão pungente e assustador. Assim como também assusta a forma como as adolescentes não conseguem vislumbrar perspectivas de um futuro melhor em nosso país. Ao final em nota MV Bill agradece o depoimento das mulheres, assim como pede a compreensão de outras tantas que não foi possível incluir neste livro e faz um fecho que realmente torçamos para que se torne uma realidade, e aqui transcrevo: “Saibam que vamos carregar cada uma de vocês nos nossos pensamentos e nas nossas almas, e as experiências vividas por vocês, vão nos ajudar a implementar políticas públicas em nossos projetos e ações. E, por fim, quem sabe não incluímos vocês num outro livro... talvez com o título: “As mulheres que extinguiram o tráfico”. Parabéns aos autores pelo importante trabalho social!

domingo, 29 de janeiro de 2012

A literatura por Mia Couto

O escritor moçambicano Mia Couto conta como se tornou um leitor e um escritor de poesia e prosa. Ele também fala sobre seus poetas prediletos e comenta a influência de escritores brasileiros como Jorge Amado em sua literatura.

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Pequena Abelha - Chris Cleave



A primeira coisa que me chama atenção em um livro é seu título, em seguida a sua sinopse. Neste livro tanto uma quanto a outra me chamaram a atenção. Fiquei curiosa acerca do título e principalmente quando me deparei com a seguinte sinopse: "Não queremos lhe contar o que acontece neste livro. É realmente uma história especial, e não queremos estragá-la. Ainda assim, você precisa saber algo para se interessar, por isso vamos dizer apenas o seguinte: Esta é a história de duas mulheres cujas vidas se chocam num dia fatídico. Então, uma delas precisa tomar uma decisão terrível, daquelas que, esperamos, você nunca tenha de enfrentar. Dois anos mais tarde, elas se reencontram. E tudo começa... Depois de ler este livro, você vai querer comentá-lo com seus amigos. Quando o fizer, por favor, não lhes diga o que acontece. O encanto está sobretudo na maneira como esta narrativa se desenrola". Realmente. A história é fascinante. Ao terminar de ler o livro o sentimento que tive foi de êxtase. A forma como a narrativa se desenrola é fantástica! O autor vai compondo a história de uma forma muito envolvente. E como um quebra-cabeça as peças vão se encaixando de uma forma sútil e surpreendente. Fica difícil largar o livro. Vale a pena se deixar seduzir e se comover com a trajetória dessas duas mulheres tão fortes e tão decididas!  

Pequena Abelha - Chris Cleave

  • A morte, claro, é um refúgio. É para onde você vai quando um nome novo ou uma máscara e uma capa não conseguem mais escondê-lo de si mesmo. É para onde você corre quando nenhum dos principados da sua consciência lhe concede asilo.
  • O futuro é outra coisa que eu teria de explicar às moças da minha terra. O futuro é o maior produto de exportação de meu país. Sai tão depressa pelos nossos portos marítimos que a maioria do nosso povo nunca o viu nem sabe com é. No meu país, o futuro existe em pepitas de ouro escondidas na rocha ou é colhido em reservas escuras no fundo da terra. Nosso futuro se esconde da luz, mas o povo de vocês chega lá com um grande talento para adivinhar onde está.
  • Na realidade, o que vocês nos deixaram mesmo foram seus objetos abandonados. Quando vocês pensam em meu continente, talvez pensem na vida selvagem - nos leões, nas hienas e nos macacos. Quando penso nele, penso em todas as máquinas quebradas, nas coisas gastas, estragadas, despedaçadas e rachadas. Sim, nós temos leões. Eles estão dormindo nos tetos de contêineres enferrujados. Também temos hienas. Elas estão partindo os crânios dos homens lentos demais para fugir de seus próprios soldados. E os macacos? Os macacos estão lá longe, na extremidade da aldeia, brincando em cima de uma montanha de computadores velhos que vocês mandaram para ajudar em nossa escola - a escola que não tem eletricidade.
  • Era assim que vivíamos, felizes e sem esperança. Eu era muito nova então, e não sentia falta de ter um futuro porque não sabia que tinha direito a um. Tudo o que sabíamos do resto do mundo era o seu filme velho, muito velho. Sobre homens que estavam com muita pressa, às vezes em aviões a jato, às vezes em motocicletas e às vezes de cabeça para baixo.


quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Se eu pudesse viver minha vida novamente... Rubem Alves


Sempre que leio Rubem Alves o que mais me impressiona é a habilidade que ele possui de transformar os sentimentos em palavras. Acredito que seja pelo fato tranquilo e transparente com que escreve. Cada texto nos possibilita fazer uma reflexão sobre a vida e dele tirar grandes ensinamentos. Leitura leve e prazerosa da primeira a última página  que nos encantam e nos fazem pensar.  Vale a pena!

Se eu pudesse viver minha vida novamente... Rubem Alves


  • E que outra maneira existe de se comunicar com as pessoas comuns senão simplesmente dizer as palavras que o amor escolhe?
  • Escrevia para educar. Mas tinha horror ás escolas. Nas escolas se formam os rebanhos de ovelhas, todas balindo igual, todas pensando igual. Ovelha que balisse diferente, que pensasse diferente, ia para o manicômio ou era reprovada. Morreria de rir se tivesse tido a felicidade de ler a Adélia Prado: Escola é uma coisa sarnenta. Fosse terrorista, raptava era diretor de escola e dentro de três dias amarrava no formigueiro, se não aceitasse minhas condições. Quando acabarem as escolas, quero nascer outra vez.
  • Os silêncios são sempre embaraçosos porque nunca se sabe o que o outro está pensando...
  • Natal é triste porque se tenta pegar uma coisa que não volta mais. É (quase)luto, procura do que se perdeu... Tanto é assim que nele não se admitem coisas novas. As canções têm que ser as mesmas, pois é nelas que moram as memórias. E também os bolos e as frutas, nossos amigos de infância: sacramentos de uma meninice que se foi. E se fazemos tanta festa não é porque estejamos alegres. É para espantar a tristeza...
  • A alma é um cenário. Por vezes, ela é como uma manhã brilhante e fresca, inundada de alegria. Por vezes ela é como um pôr de sol, triste e nostálgico. A vida é assim. Mas, se é manhã brilhante o tempo todo, alguma coisa está errada. Tristeza é preciso. A tristeza torna as pessoas mais ternas. Se é crepúsculo o tempo todo, alguma coisa não está bem. Alegria é preciso. Alegria é a chama que dá vontade de viver.
  • O bom da literatura é que ela nos faz viajar por tempos e lugares aonde a gente nunca foi e nunca irá. Mesmo porque as coisas que existem na literatura não existem na realidade. A literatura tem os poderes dos deuses: ela faz existir coisas que nunca existiram e chama as coisas que não são como se fossem.
  • A Palavra se faz carne... Prova disso são os tremores que percorrem nosso corpo, ora como riso,ora como choro. Se tivessem acontecido de fato,elas seriam criaturas da história, tempo do "nunca mais". "Never more, never more", repetia o corvo de Poe. "Nunca mais" é o tempo dos mortos, das sepultura, do sem volta. Mas as estórias são criaturas do tempo da imaginação, tempo do eterno retorno, das repetições das ressurreições. Quando se conta de novo uma estória, aquilo que nela aconteceu no passado imaginário se torna vivo no presente. Sim já ouvimos a música muitas vezes. Sabemo-la de cor. Mas queremos ouvi-la de novo para sentir a sua beleza sempre presente, para rir e chorar. Assim é o tempo da imaginação. A alma é o lugar onde o amor guarda o que não aconteceu, sob a forma de imaginação, para que aconteça sempre.
  • As estórias são flores que a imaginação faz crescer no lugar da dor. Minhas estórias cresceram das dores da minha filha, que eram minhas próprias dores. por isso disse que comecei a escrever porque ela precisava delas, das estórias. Curar a dor, isso elas não podem fazer. Mas podem transfigurá-la. A imaginação é a artista que transforma o sofrimento em beleza. E a beleza torna a dor suportável Por isso escrevo estórias: para realizar a alquimia de transforma dor em flor. Minhas estórias são as minhas poções mágica... Não há contraindicações nem é preciso receitas...