sábado, 23 de outubro de 2010

Desejos - Carlos Drumond de Andrade

Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Franco caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um brozeado legal
Aprender uma nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Por-do-sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu.

domingo, 17 de outubro de 2010

Quem é seu amante?

" Muitas pessoas tem um amante e outras gostariam de ter um.
Há também as que não tem, e as que tinham e perderam".
Geralmente,
são essas últimas que vem ao meu consultório,
para me contar que estão tristes
ou que apresentam sintomas típicos de insônia,
apatia, pessimismo, crises de choro, dores etc.
Elas me contam que suas vidas transcorrem de forma monótona e sem perspectivas, que trabalham apenas para sobreviver
e que não sabem como ocupar seu tempo livre.
Enfim, são várias as maneiras que elas encontram para dizer que estão simplesmente perdendo a esperança.
Antes de me contarem tudo isto, elas já haviam visitado outros consultórios, onde receberam as condolências de um diagnóstico firme:
"Depressão",
além da inevitável receita do anti-depressivo do momento.
Assim, após escutá-las atentamente,
eu lhes digo que não precisam de nenhum anti-depressivo; digo-lhes que precisam de um
AMANTE!!!
É impressionante ver a expressão dos olhos delas
ao receberem meu conselho.
Há as que pensam:
"Como é possível que um profissional se atreva a sugerir uma coisa dessas"?!
Há também as que, chocadas e escandalizadas,
se despedem e não voltam nunca mais.
Aquelas, porém, que decidem ficar e não fogem horrorizadas, eu explico o seguinte:
"AMANTE"
é aquilo que nos
"apaixona",
é o que toma conta do nosso pensamento antes de pegarmos no sono,
é também aquilo que, às vezes, nos
impede de dormir.
O nosso "AMANTE "
é aquilo que nos mantém distraídos
em relação ao que acontece à nossa volta.
É o que nos mostra o sentido e a
motivação da vida.
Às vezes encontramos o nosso
"AMANTE"
em nosso parceiro,
outras,
em alguém que não é nosso parceiro,
mas que nos desperta as maiores
paixões e sensações incríveis.
Também podemos encontrá-lo
na pesquisa científica ou na literatura,
na música, na política,
no esporte, no trabalho,
na necessidade de transcender espiritualmente,
na boa mesa, no estudo
ou no prazer obsessivo do passatempo predileto....
Enfim,
é "alguém!" ou "algo"
que nos faz "namorar a vida"
e nos afasta do triste destino de
"ir levando"!..
E o que é "ir levando"?
Ir levando é ter medo de viver.
É o vigiar a forma como os outros vivem,
é o se deixar dominar pela pressão,
perambular por consultórios médicos,
tomar remédios multicoloridos,
afastar-se do que é gratificante,
observar decepcionado
cada ruga nova que o
espelho mostra,
é se aborrecer com o calor ou com o frio,
com a umidade,
com o sol ou com a chuva.
Ir levando
é adiar a possibilidade de desfrutar o hoje,
fingindo se contentar com a incerta e frágil ilusão,
de que talvez possamos realizar algo amanhã*.
Por favor, não se contente com
"ir levando";
procure um amante,
seja também um amante e um protagonista
... DA SUA VIDA!

Acredite:
O trágico não é morrer,
afinal a morte tem boa memória,
e nunca se esqueceu de ninguém.
O trágico é desistir de viver...
Por isso, e sem mais delongas,
procure um amante ...
A psicologia após estudar muito sobre o tema,
descobriu algo transcendental:

"PARA ESTAR SATISFEITO, ATIVO
E SENTIR-SE JOVEM E FELIZ,
É PRECISO NAMORAR A VIDA".
Jorge Bucay - Psicológo

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O Assalto

- Alô ? Quem tá falando ?
- Aqui é o ladrão.
- Desculpe, a telefonista deve ter se enganado, eu não queria falar com o dono do banco. Tem algum funcionário aí ?
- Não, os funcionário tá tudo refém.
- Há, eu entendo. Afinal, eles trabalham quatorze horas por dia, ganham um salário ridículo, vivem levando esporro, mas não pedem demissão porque não encontram outro emprego, né ? Vida difícil... Mas será que eu não poderia dar uma palavrinha com um deles ?
- Impossível. Eles tá tudo amordaçado.
- Foi o que pensei. Gestão moderna, né ? Se fizerem qualquer crítica, vão pro olho da rua. Não haverá, então, algum chefe por aí?
- Claro que não mermão. Quanta inguinorânça! O chefe tá na cadeia, que é o lugar mais seguro pra se comandar assalto!
- Bom... Sabe o que é? Eu tenho uma conta...
- Tamo levando tudo, ô bacana. O saldo da tua conta é zero!
- Não, isso eu já sabia. Eu sou professor! O que eu queria mesmo era uma informação sobre juro.
- Companheiro, eu sou um ladrão pé-de-chinelo. Meu negócio é pequeno. Assalto a banco, vez ou outra um sequestro.. Pra saber de juro é melhor tu ligá pra Brasília.
- Sei, sei. O senhor tá na informalidade, né? Também, com o preço que tão cobrando por um voto hoje em dia... Mas , será que não podia fazer um favor pra mim? É que eu atrasei o pagamento do cartão e queria saber quanto vou pagar de taxa.
- Tu tá pensando que eu tô brincando? Isso é um assalto!
- Longe de mim pensar que o senhor está de brincadeira! Que é um assalto eu sei perfeitamente; ninguém no mundo cobra os juros que cobram no Brasil. Mas queria saber o número preciso: seis por cento, sete por cento?
- Eu acho que tu não tá entendendo, ô mané. Sou assaltante. Trabalho na base da intimidação e da chantagem, saca?
-Ah, já tava esperando. Você vai querer vender um seguro de vida ou um título de capitalização, né?
- Não... Já falei... Eu sou... Peraí bacana... Hoje eu tô bonzinho e vou quebrar o teu galho.
(...um minuto depois)
- Alô? O sujeito aqui tá dizendo que é oito por cento ao mês.
- Puxa, que incrível!
- Incrive por quê? Tu achava que era menos?
- Não, achava que era mais ou menos isso mesmo. Tô impressionado é que, pela primeira vez na vida, eu consegui obter uma informação de uma empresa prestadora de serviço pelo telefone em menos de meia hora e sem ouvir 'Pour Elise'.
- Quer saber? Fui com a tua cara. Acabei de dar umas bordoadas no
gerente e ele falou que vai te dar um desconto. Só vai te cobrar quatro por cento, tá ligado?
- Não acredito! E eu não vou ter que comprar nenhum produto do banco?
- Nadica de nada, já tá tudo acertado!
- Muito obrigado, meu senhor. Nunca fui tratado dessa...
(de repente, ouvem-se tiros e gritos)
- Ih, sujou! Puliça!
- Polícia? Que polícia? Alô? Alô?
(sinal de ocupado...)
- Droga! Maldito Estado: quando o negócio começa a funcionar, entra o Governo e estraga tudo !

Luís Fernando Veríssimo

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Um Homem Inteligente Falando de Mulheres






O desrespeito à natureza tem afetado a sobrevivência de vários seres e entre os mais ameaçados está a fêmea da espécie humana.
Tenho apenas um exemplar em casa,que mantenho com muito zelo e dedicação, mas na verdade acredito que é ela quem me mantém. Portanto, por uma questão de auto-sobrevivência, lanço a campanha 'Salvem as Mulheres!'
Tomem aqui os meus poucos conhecimentos em fisiologia da feminilidade a fim de que preservemos os raros e preciosos exemplares que ainda restam:

Habitat
Mulher não pode ser mantida em cativeiro. Se for engaiolada, fugirá ou morrerá por dentro. Não há corrente que as prenda e as que se submetem à jaula perdem o seu DNA. Você jamais terá a posse de uma mulher, o que vai prendê-la a você é uma linha frágil que precisa ser reforçada diariamente.

Alimentação correta
Ninguém vive de vento. Mulher vive de carinho. Dê-lhe em abundância. É coisa de homem, sim, e se ela não receber de você vai pegar de outro. Beijos matinais e um 'eu te amo’ no café da manhã as mantém viçosas e perfumadas durante todo o dia. Um abraço diário é como a água para as samambaias. Não a deixe desidratar. Pelo menos uma vez por mês é necessário, senão obrigatório, servir um prato especial.

Flores
Também fazem parte de seu cardápio – mulher que não recebe flores murcha rapidamente e adquire traços masculinos como rispidez e brutalidade.
Respeite a natureza
Você não suporta TPM? Case-se com um homem. Mulheres menstruam, choram por nada, gostam de falar do próprio dia, discutir a relação? Se quiser viver com uma mulher, prepare-se para isso.

Não tolha a sua vaidade
É da mulher hidratar as mechas, pintar as unhas, passar batom, gastar o dia inteiro no salão de beleza, colecionar brincos, comprar muitos sapatos, ficar horas escolhendo roupas no shopping. Entenda tudo isso e apoie.

Cérebro feminino não é um mito
Por insegurança, a maioria dos homens prefere não acreditar na existência do cérebro feminino. Por isso, procuram aquelas que fingem não possuí-lo (e algumas realmente o aposentaram!). Então, aguente mais essa: mulher sem cérebro não é mulher, mas um mero objeto de decoração. Se você se cansou de colecionar bibelôs, tente se relacionar com uma mulher. Algumas vão lhe mostrar que têm mais massa cinzenta do que você. Não fuja dessas, aprenda com elas e cresça. E não se preocupe, ao contrário do que ocorre com os homens, a inteligência não funciona como repelente para as mulheres.

Não faça sombra sobre ela
Se você quiser ser um grande homem tenha uma mulher ao seu lado, nunca atrás. Assim, quando ela brilhar, você vai pegar um bronzeado. Porém, se ela estiver atrás, você vai levar um pé-na-bunda.
Aceite: mulheres também têm luz própria e não dependem de nós para brilhar. O homem sábio alimenta os potenciais da parceira e os utiliza para motivar os próprios. Ele sabe que, preservando e cultivando a mulher, ele estará salvando a si mesmo.
É, meu amigo, se você acha que mulher é caro demais, vire gay.
Só tem mulher quem pode!
Luiz Fernando Veríssimo

domingo, 3 de outubro de 2010

Eleanor Marx, filha de Karl




Eleanor Marx, uma mulher forte, determinada, a frente de seu tempo, teve um papel de grande importância na classe operária inglesa onde exerceu uma liderança política. Não se curvava às convenções sociais da época. Criada e educada em uma família unida e amorosa. Independente de ser filha de Karl Marx possuía brilho próprio: “Apaixonada, espontânea e tão honesta e franca que, sem se dar conta, desarma seus adversários e impõe um respeito raras vezes visto. É quase uma unanimidade, não apenas por ser filha de Marx, mas por ser como é, Eleanor”. Uma figura tão marcante que: “Por onde quer que apareça, com seu entusiasmo e veemência, deixa sua marca e faz uma diferença. Todos a querem, a chamam, amam sua presença”. Á proporção que vamos lendo e conhecendo a vida de Eleanor, a sua relação afetuosa e carinhosa com sua família, principalmente com seu pai, com quem tinha uma identificação muito forte. Também conhecemos a Eleanor mulher em toda sua fragilidade que desejava amar e ser amada. E como sentia vontade de ser amada. E por conta de um amor infeliz, aos 43 anos se suicidou. Um romance fantástico!

Eleanor Marx, filha de Karl

“A essa altura, vocês já terão compreendido que o socialismo não é exatamente o que nossos inimigos e seus empregados na imprensa apresentam. Invariavelmente, uma das primeiras coisas que eles dizem é que nós, socialistas, queremos abolir a propriedade privada; que não admitimos o ‘direito sagrado de propriedade’. Mas ao contrário, é a classe capitalista hoje que está confiscando nossa propriedade privada. E é porque acreditamos no ‘direito sagrado’ de vocês àquilo que possuem que queremos que vocês possuam o que hoje é tomado de vocês”.
Os capitalistas aboliram a ‘propriedade privada’ das classes trabalhadoras, e nós pretendemos que ela lhes seja devolvida. Todos os homens, então, terão direito à ‘propriedade privada’, pois todos os homens pertencerão a uma só classe – a classe dos produtores.

“Depois, a vocês é dito que os socialistas não querem lei nem ordem. Realmente, nós não queremos o que hoje eles chamam de ordem, pois a ordem de hoje é desordem. A anarquia prevalece por toda parte. Encontramos homens milionários e homens que morrem de fome; mulheres que possuem milhões e milhões e mulheres que tem que escolher entre a fome ou a prostituição. Nós não chamamos isso de ordem. Nós não achamos que seja ‘ordem’ um homem trabalhar dez, doze, catorze ou até mais horas por dia e, no final da vida, não ter nada de seu. Nos não achamos que seja ‘ordem’ mulheres terem que se prostituir. Nós não achamos que seja ‘ordem’ quando de um lado existem fábricas e depósitos abarrotados com superprodução e, de outro, milhares e milhares de pessoas que precisam desses mesmos artigos que apodrecem nas lojas. Tudo isso é desordem, e queremos acabar com isso e colocar uma ordem verdadeira no lugar”.
“Apesar de todo o sofrimento e tristeza, é melhor ter sentimentos fortes do que não ter sentimento nenhum”.

“A vitória de uma greve nem sempre é puro ganho, nem uma greve derrotada é, necessariamente, pura perda. Algumas vezes... é melhor lutar e perder do que não lutar... todas as centenas de greves grandes e pequenas apontam para uma mesma conclusão... a de que o sindicalismo e as greves, por si só, não emanciparão a classe trabalhadora... cuja liberdade econômica só poderá ser conseguida através do domínio do poder político no interesse de sua própria classe”.
“Não creio que exagero quando penso que a beleza da vida, a alegria de viver é o que deve nos guiar e é o que nos pode dar alguma força. Que a revolução significa não apenas a busca da vida e da liberdade, mas a busca da felicidade. Que é por acreditar que a vida vale a pena que podemos ser generosos e ter a ambição de compartilhar com todos o que ela pode oferecer de precioso – mesmo que isso às vezes seja tão pouco”.

“Quanto mais sou capaz de me realizar em várias áreas, mais livre eu sou. O cerne do capitalismo está na alienação em que joga as pessoas, alienação tanto uma das outras, quanto da natureza e, sobretudo, de si mesmas: de seus sentidos, suas emoções, suas forças criativas”.
“Tenho tanta necessidade de afeto que, sem ele, as coisas para mim perdem o sentido. Ficam pesadas, negras, sem graça. Não sei viver se não puder ter esse mínimo cotidiano de felicidade, que é sentir que sou importante para as pessoas que me cercam. É poder olhar o mundo e enxergar sua luz, suas formas, seus cheiros, e sentir que vale a pena. Não sei viver sem isso”.