segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

A cura de Schopenhauer

  • E assim, por anos, séculos e milênios afora, construímos sem parar negações paliativas de finitude. Será que nós, será que algum de nós, jamais cessará de buscar um poder superior no qual possamos nos fundir e existir para sempre, parar de querer manuais de instruções dados por um Deus, de querer um desíginio maior, de buscar rituais e cerimônias?
  • Nietzche uma vez escreveu que a maior diferença entre o homem e a vaca era que a vaca sabia como existir, como viver sem angústias (isto é, sem medo) no bendito presente, sem o peso do passado e a preocupação com os horrores do futuro. Sabe por que sentimos tanta saudade da maravilhosa infância? Segundo Nietzsche, porque foi a única época despreocupada, ou seja, sem preocupação antes de termos lambranças tristes e graves do lixo do passado.

  • Kierkegaard dizia que algumas pessoas têm duplo desespero, isto é, estão desesperadas, mas nem sabem. Você deve estar nesse desespero duplo. Quero dizer o seguinte: grande parte do sofrimento de uma pessoa vem por sentir desejo, realizá-lo, ter um instante de saciedade que logo se transforma em tédio e, por sua vez, é interrompido pelo surgimento de outro desejo. Schopenhauer achava que era essa a condição humana universal: desejar, saciar-se, entediar-se e desejar outra vez.

  • As grandes dores fazem com que as menores mal sejam sentidas e, na falta das grandes, até o menor desgosto nos atormenta.
    Schopenhauer disse que as mulheres muito atraentes, assim como os homens muito inteligentes, estão destinados a viver isolados. E que os outros ficam cegos de inveja e de raiva da pessoa superior. Por isso, esses dois tipos nunca têm amigos íntimos do mesmo sexo.

  • A alegria e despreocupação da nossa juventude deve-se, em parte, ao fato de estarmos subindo a montanha da vida e não vermos a morte que nos aguarda do outro lado.
  • Se não conto meu segredo, ele é meu prisioneiro. Se o deixo escapar, sou prisioneiro dele. A árvore do silêncio dá os frutos da paz.
  • A vida pode ser comparada a um bordado que no começo da vida vemos pelo lado direito e, no final, pelo avesso. O avesso não é tão bonito, mas é mais esclarecedor, pois deixa ver como são dados os pontos.

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