sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Pequena Abelha - Chris Cleave

  • A morte, claro, é um refúgio. É para onde você vai quando um nome novo ou uma máscara e uma capa não conseguem mais escondê-lo de si mesmo. É para onde você corre quando nenhum dos principados da sua consciência lhe concede asilo.
  • O futuro é outra coisa que eu teria de explicar às moças da minha terra. O futuro é o maior produto de exportação de meu país. Sai tão depressa pelos nossos portos marítimos que a maioria do nosso povo nunca o viu nem sabe com é. No meu país, o futuro existe em pepitas de ouro escondidas na rocha ou é colhido em reservas escuras no fundo da terra. Nosso futuro se esconde da luz, mas o povo de vocês chega lá com um grande talento para adivinhar onde está.
  • Na realidade, o que vocês nos deixaram mesmo foram seus objetos abandonados. Quando vocês pensam em meu continente, talvez pensem na vida selvagem - nos leões, nas hienas e nos macacos. Quando penso nele, penso em todas as máquinas quebradas, nas coisas gastas, estragadas, despedaçadas e rachadas. Sim, nós temos leões. Eles estão dormindo nos tetos de contêineres enferrujados. Também temos hienas. Elas estão partindo os crânios dos homens lentos demais para fugir de seus próprios soldados. E os macacos? Os macacos estão lá longe, na extremidade da aldeia, brincando em cima de uma montanha de computadores velhos que vocês mandaram para ajudar em nossa escola - a escola que não tem eletricidade.
  • Era assim que vivíamos, felizes e sem esperança. Eu era muito nova então, e não sentia falta de ter um futuro porque não sabia que tinha direito a um. Tudo o que sabíamos do resto do mundo era o seu filme velho, muito velho. Sobre homens que estavam com muita pressa, às vezes em aviões a jato, às vezes em motocicletas e às vezes de cabeça para baixo.


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